Arolde de Oliveira, secretário municipal de Transportes, acredita que projetos metropolitanos deveriam ter prioridade em relação ao trem de alta velocidade (TAV).
"Trata-se de um bom e oportuno projeto considerando-se as tecnologias atuais, já sazonadas, garantindo uma integração física entre as duas maiores regiões metropolitanas do país a tarifas populares", diz Arolde. "Mas tenho dúvidas sobre a prioridade em relação a outros projetos de mobilidade urbana nas regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro."
Para ficar apenas no transporte sobre trilhos, o dinheiro empregado no trem de alta velocidade seria suficiente para a construção de cerca de dez linhas de metrô em grandes cidades brasileiras. Se a verba fosse destinada também a outros meios de transporte - como corredores de ônibus - o número de beneficiados seria ainda maior.
Arolde acredita que essas obras deveriam ser colocadas à frente do TAV. O argumento faz sentido. Elas atenderiam a população carente, justamente a que tem menos opções e, muitas vezes, fica à mercê do transporte clandestino. Quando o trem-bala estiver pronto, é bem provável que um morador de Xerém, na Baixada Fluminense, gaste mais tempo para chegar ao trabalho na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio) do que alguém que viaje do Rio para São Paulo. O mesmo raciocínio vale para um paulista de Arujá que trabalhe na Berrini (zona sul de São Paulo).
Para o secretário municipal de Transportes do Rio, os US$ 10 bilhões do TAV, ou pelo menos parte deles, deveriam ser usados na "construção da linha 4 do metrô (Barra-Centro), conclusão do Anel Viário do Rio, implantação do T-5 (corredor da Barra à zona norte), construção da ligação Barra-Deodoro, racionalização do sistema de transporte por ônibus e 'metrovialização' do ramal de Santa Cruz da SuperVia".Infelizmente, o transporte urbano de qualidade ainda está longe de ser uma prioridade para os governantes. Se ao invés de ter resolvido construir a Cidade da Música, a prefeitura do Rio tivesse destinado o dinheiro para a pasta de Arolde, o secretário teria tido a oportunidade de entregar o cargo no fim do ano com as obras do T-5 bastante adiantadas. O corredor tem custo estimado entre R$ 600 milhões e R$ 700 milhões, pouco mais do que os R$ 500 milhões "do complexo que terá a maior sala de concertos de orquestras sinfônicas e óperas da América Latina", como anuncia orgulhosamente o site da prefeitura carioca. (do site www.sidneyrezende.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário