Assim começa o artigo: “O Brasil e a Santa Sé começam a negociar um amplo acordo político formal para normatizar as relações entre o Estado e esta instituição milenar.
As gestões envolvem de um lado, os Ministérios das Relações Exteriores e da Justiça e de outro a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que criou uma comissão específica.”
Em outro trecho expõe parte do documento da CNBB: “na ausência de normas ficou a Igreja, até agora, mais ou menos na dependência de circunstâncias históricas, da capacidade de diálogo, da aceitação benevolente dos detentores do poder político e a jurisdição dos magistrados. Mas, também, da intransigência, da ignorância histórica e jurídica, do fechamento (político) e da malevolência de outros.”
Prossegue a notícia: “A expectativa na Igreja é que o Brasil e a Santa Sé firmem uma Convenção, se possível ainda este ano, durante a visita do Papa João Paulo II _ que tenha abrangência sobre questões polêmicas, pendentes desde o período da Colônia. Para a Igreja, porém, o que houve foram decisões genéricas, já que abrangem todas as Igrejas e até religiões. Acha-se no direito a um status especial até por ser religião majoritária, no sentido sociológico”.
Senhor Presidente, caros colegas Deputados, com todo respeito à Igreja Católica Romana, cujo significado histórico positivo em nosso País, não escapa à minha consciência, preocupa-me, como evangélico, a articulação de um acordo que possa vir a ser firmado entre o Estado brasileiro e uma determinada denominação religiosa, seja ela majoritária ou minoritária. Tal ato, não importa qual seja o seu objeto, constituirá, no mínimo, uma discriminação, contrariando as amplas liberdades religiosas, inerentes à cultura brasileira e ratificadas no texto constitucional.
É provável, Sr. Presidente, que alguns princípios exarados na Constituição devam até ser regulamentados, mas aqui no Congresso Nacional, onde a pluralidade do Brasil se espelha, e nunca através de acordos bilaterais que, sem dúvida, maculariam um princípio básico das liberdades individuais e coletivas, qual seja a não discriminação de qualquer natureza garantida na Constituição Federal.
O meu apelo, Sr. Presidente, faço-o ao Exmo. Sr. Presidente da República, em particular os ministros de Estado das Relações Exteriores e da Justiça, no sentido de que, se alguma Convenção está sendo negociada com a Santa Sé, independente da legitimidade di seu mérito, seja ela sustada se encaminhada através deste Poder Legislativo, para o debate e a apreciação cabíveis, preservando assim a liberdade de crença, a não discriminação religiosa e a pluralidade natural da democracia brasileira. Os evangélicos entendem que o Estado e a igreja devem ser claramente separados. Um cuidando da dimensão material, física, do ser humano, através da política, o outro cuidando da sua dimensão transcendental, espiritual, através da fé, e ambos buscando a plenitude da liberdade para a completa realização do homem, o qual segundo a nossa crença, Deus criou à sua imagem e semelhança.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. " (Redação)
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